O mercado de aparas marrons ainda está longe da
estabilização. Como dissemos em artigos anteriores,
a coleta vem melhorando, mas em velocidade
bem inferior à que observamos para a demanda
por embalagens e, frisando que nenhuma fábrica de papel tenha
parado por falta de aparas, os preços estão em alta.
Com este cenário, chegamos ao final do ano quando, sazonalmente,
temos alguns fatos que impactam o mercado. Pelo
lado das embalagens, os dois últimos meses do ano registram
uma queda na demanda, pois os estoques de produtos para o
Natal já estão nas prateleiras, e poucos produtos ainda vão demandar
por embalagens. Como consequência desta menor demanda,
também temos um menor consumo de aparas.
Se isto se repetir este ano, os aparistas teriam como estabilizar
as fontes de fornecimento que hoje sofrem forte
pressão de atravessadores e, em alguns casos, da própria indústria
de papel que, preocupada com uma pouco provável
falta de material, atravessa o aparista, o que traz, como consequência,
um aumento de preços.
A questão é que a indústria vem reportando já haver perdas
em carteira até o mês de fevereiro de 2021 e, caso isso se
confirme, o curso tradicional não deverá ocorrer este ano, e
os preços das aparas terminarão o ano ainda em alta.
No início de cada ano, também sazonalmente, temos uma
nova condição, com a indústria de embalagens ainda trabalhando
com baixa demanda, mas, as aparas, na sequência da
desova dos estoques de Natal, apresentando um aumento na
sua oferta. Entretanto, o ano totalmente atípico que vivemos
poderá modificar o que normalmente acontece, com impactos
sobre o mercado, o que está preocupando os aparistas.
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Pedro Vilas Boas
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