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A MAGNITUDE DA COP-26 NO COMBATE À EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Artigos Assinados | Artigos | 23.10.2021




Emergência climática. Essa é a sentença da vez e, infelizmente,
estamos passando por uma era que nos alerta
sobre a gravidade na qual o mundo se encontra. As
mudanças recentes no clima são generalizadas, rápidas
e intensas. Sem precedentes nos últimos 6.500 anos. Não é
de hoje que observamos a intensidade de eventos como inundações,
processos erosivos, ondas de frio e de calor, queimadas,
secas e ciclones.
O último relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU ressaltou o desequilíbrio
do planeta provocado pela humanidade e como a falta de atitudes
poderá impactar nosso futuro no planeta. O modo inconsequente
como o ser humano até aqui tratou os recursos naturais,
especialmente após a revolução industrial.
A realização da COP-26, no mês de novembro em Glasgow,
será talvez a derradeira chance de o mundo realizar uma grande
concertação para reverter o grave processo de aquecimento
da Terra. Aliás, por todas as razões, trata-se de agenda com
tal magnitude que decerto se tornará um marco, daqueles que
serão estudados por anos e anos. São tamanhos os riscos e as
oportunidades que estão em jogo que deles nos lembraremos
por muito tempo.
A Rio-92, lá se vão três décadas, foi o momento decisivo
em que, sobre um inédito consenso que juntou ciência e diplomacia,
a comunidade internacional adotou as Convenções do
Clima e da Biodiversidade. Ali começou a desafiadora trajetória
que nos conduziria ao Acordo de Paris em 2015, adotado
por consenso multilateral. Nas discussões atuais, no âmbito da
COP-26, as principais atenções estarão em torno no artigo 6 do
Acordo de Paris. Caso aprovado, será estabelecido um mercado
global regulado de créditos de carbono, o que é um objetivo importante
para o mundo e particularmente para o Brasil.
PELO EMBAIXADOR JOSÉ CARLOS DA FONSECA JR.
Esta é uma discussão geopolítica vital. As negociações podem
abrir um grande mercado para a comercialização de créditos de
carbono, fortalecendo um sistema confiável e íntegro que vai incentivar
a redução de emissões. Nesse amplo mercado de créditos de
carbono, é grande o potencial de o Brasil ter natural protagonismo.
O setor de árvores cultivadas é um dos segmentos do agronegócio
brasileiro em que os princípios do ESG precisaram ser adotados
pioneiramente. De fato, já há duas décadas várias empresas do setor
de base florestal passaram a obedecer a padrões rigorosos dos
sistemas internacionais de certificação.
Estudo recente da WRI mostra como o potencial do novo mercado
de carbono para os próximos dez anos poderia injetar cerca
de R$ 2,8 trilhões no PIB brasileiro. Temos que transformar todas
estas competências em oportunidades. Somos vistos como um dos
países mais favoráveis na economia verde. Essa questão é um meio
fundamental para acelerar e dar mais escala aos produtos e soluções
de baixo carbono para o próprio Brasil e o mundo.
A indústria de base florestal investe em pesquisa, desenvolvimento
e inovação para tornar os processos mais eficientes. A fotossíntese,
realizada pelas árvores, remove carbono. Os plantios sustentáveis
e as áreas preservadas regulam fluxo hídrico, removem
e estocam GEE, em níveis que alcançam 4,48 bilhões de toneladas
de CO2 eq. Resultado dessas ações também são os mais de 5 mil
produtos e subprodutos, entre os quais celulose, papéis, móveis de
madeira, pisos laminados, biocombustível e carvão vegetal oferecem
soluções para a substituição de itens fonte fóssil.
Se, anteriormente, as mudanças climáticas eram vistas apenas pelo
ângulo ambiental, hoje entendemos que é uma questão também social
e econômica. A mudança no clima, de fato, já está colocando em
risco milhares de vidas humanas. A retomada verde, tão divulgada
mundo afora, não pode ser usada apenas como discurso, mas como
um compromisso de nossa geração como o futuro do planeta. 