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PAPEL E CELULOSE E A INDÚSTRIA 4.0: MITOS E VERDADES

Artigos Assinados | Artigo | 21.12.2021




PAPEL E CELULOSE E A INDÚSTRIA 4.0: MITOS E VERDADES

 

A indústria de papel e celulose cresceu durante a pandemia, diferentemente da maior parte da  economia nacional. O setor, primeiro maior exportador mundial, é considerado um termômetro de vendas, já que o aumento da produção de embalagens corresponde ao  aquecimento da demanda por produtos no mercado, em especial no varejo online. A transição para a chamada Indústria 4.0 foi inevitável. E, com ela, surgiram muitas dúvidas.Informações desencontradas e incorretas talvez expliquem a demora da área de papel e celulose em abraçar integralmente a transformação digital (TD), apesar de algumas das principais organizações já estarem em processo acelerado. Para esclarecer alguns pontos e reforçar a importância do assunto, é de grande utilidade abordar os mitos e verdades sobre a transformação digital e como ela evita gargalos em todas as etapas, reduz custos, otimiza processos e logística, entre outros benefícios para as empresas. O primeiro mito: a TD deverá estar baseada exclusivamente em computação em nuvem. Não é verdade. Transformação digital é algo bem mais abrangente. Fundamenta-se na coleta e no uso de dados disponíveis e na automação para tomada de decisões de risco. A estratégia da Indústria 4.0 inclui sinergias entre tecnologia da Informação (TI) e tecnologia de operações (TO), visando a potencializar as soluções por meio de um trabalho integrado, porém, é algo muito complexo de ser conquistado na prática. O uso de computação em nuvem pode acrescentar valor em várias soluções, contudo, há de se avaliar a melhor arquitetura para cada caso, analisando os prós e contras de arquiteturas em nuvem, on-premise ou híbridas, sendo esta análise um estágio fundamental na jornada da TD, mas não o único e nem isolado dos demais. Outro mito: a TD é um pacote de soluções prontas criadas por fornecedores. Está totalmente longe da realidade. Há pelo menos 20 anos, as estratégias e soluções para o setor têm sido alinhadas a partir da observação de gaps em níveis corporativos, com a constante necessidade de reduzir custos e melhorar a comunicação entre setores. Achar que a criação de pequenos projetos, isoladamente, ou simplesmente implementar soluções prontas de mercado, representa menos risco por comprometer menos a estrutura,  caso algo não saia como o previsto, também faz parte do pacote mitos. Percebemos exatamente o contrário: pulverizar processos compromete o valor das soluções e retarda o processo institucional. Por experiência própria, posso atestar que modelos top down, cuja arquitetura de gestão parte de uma visão global das operações e negócio para chegar depois a níveis mais específicos, revelam-se mais eficazes, principalmente se organizados corretamente e comandados por C-Levels. Outro mito é o da necessidade de desvincular os recursos humanos da TD. A transformação da Indústria 4.0 deve abordar, sim, os recursos humanos no processo de produção, seja em automação, melhoria de controle ou ainda na relação com a inteligência artificial (IA). Todas as soluções partem de problemas criados por limitações de diferentes níveis de competência. Ao integrar recursos humanos à TD, estamos minimizando conflitos e ajudando na capacitação de profissionais, que ficarão mais bem preparados para o novo mercado. Por fim, novamente esbarramos num mito frequente, o de que apenas gigantes do mercado são capazes de aderir plenamente à TD. É bom lembrar que isso já se provou falso nas indústrias de manufatura. Existem várias camadas para um programa de transformação ser bem-sucedido. A tecnologia é importante, mas os principais desafios em processos de transformação digital vão além do aporte de tecnologia. Com frequência, o desejo de usar ferramentas de fornecedores, instrumentação ou produtos específicos isolados prejudica a estratégia. Basta observar que as empresas do setor que reuniram resultados mais interessantes de transformação digital são justamente as que envolveram a ampliação e integração do uso de diferentes tecnologias, muitas das quais já utilizadas pela empresa, mas com uma visão global adaptada à sua realidade. A aceleração da TD entre alguns dos grandes players se mostrou extremamente positiva nos casos em que se adotou soluções customizadas. Captar, integrar, gerar valor de dados oriundos de diferentes fontes e conquistar uma maior agilidade de análises para a tomada de decisões estratégicas são as bases para um programa de transformação digital de sucesso, o qual deve ser mantido através de uma cultura continuada de governança de dados, maximizando assim o retorno sobre os investimentos, acelerando a velocidade de entrega de novas soluções, aprimorando a capacidade de resolução de problemas e disseminando o conhecimento institucional em todos os níveis da corporação. As empresas orientadas por dados tendem a ser mais precisas na conquista de seus objetivos, conduzindo uma abordagem colaborativa para a superação dos inusitados desafios que constantemente surgem na dinâmica do mercado e das operações. O fato é que estamos em constante desenvolvimento, e flexibilizar métodos e processos fazparte da jornada. Não temos, em absoluto, verdades fechadas, incontestáveis. Expertise éfundamental, mas um olhar atento às novidades para se adaptar rapidamente às novas demandas do mercado também.