POR BRUNO RODRIGUES DE MORAES
Gerente de Projeto na Falconi, formado em Administração pela UFRGS com Especialização em Controladoria e Finanças pela
PUCRS. Mais de 15 anos de carreira, com atuação no Brasil e na América Latina, e atuação consolidada em Estratégia e Gestão,
liderando projetos de consultoria para resolução de problemas complexos em governança corporativa, formulação estratégica
e melhoria de resultados econômico-financeiro, em empresas grandes de diversos setores, gerando ganhos concretos e
desenvolvimento das lideranças e mais recentemente liderando o Programa de Desenvolvimento Sustentável.
Como falamos no mês passado, não existe planejamento perfeito (e consequentemente
desdobramento perfeito), por mais que tentemos empregar processos inovadores, que
desenvolvamos as pessoas e que sejamos vanguardistas em tecnologia, pelo simples fato de que o contexto muda!
Todos nós em algum momento já nos deparamos com as
máximas científicas de que “na natureza tudo se transforma”
e “de toda ação deriva uma reação de mesma intensidade,
mas em sentido oposto”.
Então não vale a pena formular estratégias?
Claro que sim! Já falamos do risco que existe de seguir
qualquer caminho quando não sabemos para onde ir. E,
embora o contexto possa mudar, nossa ambição estratégica
deve se manter ao longo do ciclo estratégico, podendo mudar a forma de atingir a meta.
Para garantir que vamos atingir nossa ambição e teremos
condição de tomar atitudes corretivas em tempo para garantir este atingimento, quando necessário, precisamos seguir
com dois caminhos paralelos e complementares: o controle
de resultados e o controle estratégico.
• Controle de resultados
Se o desdobramento foi feito de forma coordenada e
eficiente, todos os níveis possuem suas metas e seus planos de ação definidos para a consecução dos seus objetivos específicos, de forma a auxiliar no atingimento da
ambição da companhia. O protagonista aqui é o gestor.
A questão temporal pode ser variável, de acordo com
a complexidade, o porte e a estrutura de cada organização, mas todas precisam estruturar como os gestores
vão executar um processo de controle, que se consolide
bottom-up e sustente as decisões da Alta Liderança.
Esse processo precisa ser muito mais do que reativo
(avaliar resultados passados e tomar ações corretivas), ele precisa ser preditivo (avaliar cenários, antever possíveis problemas e
corrigir a rota para evitar desvios), além de ser flexível e alinhado à rotina dos gestores, para não criar burocracias excessivas e
nem tirar o foco da gestão.
• Controle estratégico
Mas o que fazer quando a necessidade é oriunda de mudanças mais transversais ou até mesmo externas à organização?
Aqui o protagonismo é do Comitê de estratégia, que deve realizar um acompanhamento em uma frequência menor, mas com
amplitude global.
Além da situação atual e projeções das metas estratégicas e
dos projetos estratégicos, o escopo deste controle deve conter
também alguns sinalizadores externos, que representem indicativos de que alterações significativas no comportamento e
necessidades dos stakeholders, como, por exemplo, mudanças
repentinas nos hábitos do cliente, reação dos concorrentes, alterações no ambiente regulatório etc.
De posse da projeção de atingimento da ambição estratégica
e das sinalizações do ambiente, cabe ao Comitê avaliar com a
Alta Liderança possíveis correções na estratégia definida, para
garantir que o objetivo maior seja preservado.
E como conectar e integrar os processos de controle com o
sistema de gestão?
Há um movimento, que não é novo e que vem ganhando tração, que busca atenuar esse contexto e dar mais flexibilidade aos
processos de gestão das organizações. Comumente, podemos
identificar pelo uso do termo beyond junto a outros termos mais
familiares: Beyond Budgeting, Beyond Deployment, dentre outros.
A essência deste movimento é parar de ver o caminho estratégico como tempo finito e rígido, passando a considerá-lo mais
como um ciclo que se renova, se ajusta e se mantém atualizado
constantemente, porém mantendo recortes temporais para processos como de avaliação de desempenho e de incentivos.