Se considerarmos que há poucos anos as evidências
da emergência climática passaram a assustar
o planeta, hoje este é, sem dúvida, o maior
desafio a ser enfrentado pelas atuais gerações.
Diante desta urgente agenda global, as Conferências das
Partes do Clima (COP) vêm ganhando crescente relevância.
Até recentemente percebidas como eventos de cunho
ambientalista ou diplomático, agora ganham status de vitais
para o futuro da humanidade.
Acompanhando COPs há três décadas, desde quando o
Brasil sediou a Rio92, tenho testemunhado o desenrolar desta
jornada que parece morosa, e de fato o é em vários momentos,
mas que, em geral, vem avançando.
Graças ao aumento do poder de convocatória dessa agenda, as Conferências mais recentes vêm atraindo mais de 30 mil
pessoas em seus imensos pavilhões. Isto é consequência de
mais consciência com relação à urgência das questões climá-
ticas, mas também reflete processo evolutivo de conhecimento
científico e de construção diplomática, demonstrando que ali
é o espaço para que a sociedade participe e ajude a escrever as
próximas páginas dessa agenda fundamental.
A COP27, realizada em Sharm El-Sheikh, no Egito, é a mais
recente fotografia deste cenário. Entre frustrações e ansiedade por ações mais efetivas, o resultado da Conferência merece
análise aprofundada do que dali saiu e do que se pode esperar.
Em primeiro lugar é preciso ter a clareza de que esta não foi a
COP da implementação, como se esperava. No entanto, é necessário ponderar que, historicamente, as Conferências tendem a
seguir um padrão, em que uma cúpula menos resolutiva sucede
àquela que alcança resultados expressivos, como foi a de Glasgow,
na qual, finalmente, aprovou-se o Artigo 6 do Acordo de Paris,
que estabelece um mercado global de crédito de carbono.
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